“ A Terapia Ocupacional é a arte e ciência que usa determinadas teorias, uma variedade de disciplinas e profissões, como guia de atuação com o indivíduo de modo a ajuda-lo a adquirir habilidade no desempenho de certas tarefas, e se necessário, a aquisição de capacidades, atitudes e conhecimentos indispensáveis ao desempenho de determinadas tarefas da vida. A Terapia Ocupacional refere-se primeiramente aos indivíduos cujas capacidades para efetuar tarefas quotidianas estão diminuídas ou desorganizadas, devido a “traumatismos” biológicos, psicológicos ou sociais. A prática fundamental da terapia ocupacional reside essencialmente (…) na ajuda para facilitar o aperfeiçoamento na execução de tarefas, um veículo que vai proporcionar o desenvolvimento das capacidades sensoriais, cognitivas e motoras, e a satisfação de necessidades de relacionamento intra e interpessoal.” (Mosey, 1981)
A Terapia Ocupacional no CEEONINHO
O terapeuta ocupacional habilita para a ocupação, de forma a promover a saúde e o bem-estar. Com este objetivo, atua, em parceria com pessoas e organizações, para otimizar a atividade e a participação, tal como definidas pela World Health Organisation’s International Classification of Functioning and Disability (2002). Promove a capacidade de indivíduos, grupos, organizações e da própria comunidade, de escolher, organizar e desempenhar, de forma satisfatória, ocupações que, estes, considerem significativas. Entende-se por ocupação tudo aquilo que a pessoa realiza com o intuito de cuidar de si própria (auto-cuidados), desfrutar da vida (lazer) ou contribuir para o desenvolvimento da sua comunidade (produtividade). Estas ocupações podem ser tão elementares como alimentar-se ou vestir-se ou tão elaboradas como conduzir um carro ou desempenhar uma atividade laboral. Para tal, estuda os fatores que influenciam a ocupação humana, intervindo com pessoas de todas as idades, nas situações que comprometam ou coloquem em risco um desempenho ocupacional satisfatório e, consequentemente, restrinjam a sua atividade e participação.
Na sua abordagem, avalia e intervém ao nível da pessoa, da ocupação e do ambiente. Intervém para desenvolver competências, restaurar funções perdidas, prevenir disfunções e/ou compensar funções, através do uso de técnicas e procedimentos específicos e/ou da utilização de ajudas técnicas ou tecnologias de apoio. Na ocupação, analisa quais as exigências da mesma ao nível físico, cognitivo, afetivo e/ou social. Intervém adaptando a ocupação, através de procedimentos e equipamentos específicos, de forma a adequá-la às necessidades da pessoa. No ambiente, avalia de que forma o mesmo pode contribuir para a função ou disfunção ocupacional, i.e., se facilita ou inibe o envolvimento da pessoa nas ocupações. Para tal, identifica os fatores do ambiente (espaços, equipamentos, pessoas e cultura) que influenciam o desempenho das ocupações. Intervém nos ambientes físico e social, de forma a remover barreiras e fomentar os aspetos facilitadores da participação em ocupações. Pode, também, intervir ao nível da conceção e/ou adaptação de espaços – habitacionais, institucionais, comunitários e urbanos. Pode, ainda ao nível conceptual, participar no planeamento e gestão de pessoal, material, equipamentos e políticas de desenvolvimento, na organização onde se encontre integrado.
A sua abordagem é centrada na pessoa e na ocupação e baseia-se num ciclo de resolução de problemas. Deve atuar de acordo com normas éticas e deontológicas próprias, assegurando o respeito pelos valores da pessoa, promovendo a participação ativa desta e/ou da família/cuidadores no desenvolvimento do programa de intervenção que lhe diz respeito, tendo em conta o seu projeto de vida. Atua integrado em equipas multidisciplinares, com total autonomia, em complementaridade com os restantes elementos e/ou utilizando uma metodologia transdisciplinar, de acordo com o programa de intervenção e a organização onde está integrado. Pode, também, ter uma atuação individualizada. Desenvolve investigação e produz saberes, no âmbito da ocupação humana e dos fatores com ela relacionados, contribuindo para o desenvolvimento da profissão.
(Associação Portuguesa de Terapia Ocupacional, 2005)
CEEONINHO 2015